terça-feira, 1 de novembro de 2011

Com letra maiúscula


Ontem me irritei com uma coisa que li, achei de um fanatismo tão repulsivo a ponto de me fazer parar de girar e me perguntar o porquê que me incomodei tanto. Cinco minutos e parei de negar e me vi obrigado a admitir o quão religioso eu fui, eu sou - não quero ser. Já conheço a bíblia de cabo errado, digo de cabo a rabo. Eu li quase todas aquelas letrinhas, imaginei os monstros fantásticos do livro de apocalipse e cavalguei com os quatro cavaleiros. Imaginei Davi cuidando das ovelhinhas, e achei de um mau gosto só Jesus ter que acabar sendo preso numa cruz, mesmo com o spoiler da ressurreição no terceiro dia.

A certeza é que aos dezenove vejo a bíblia com muito menos brilho do que aos doze, quando mainha encontrou na igreja uma forma de me manter longe das drogas, do sexo e do rock in roll. Certa ou errada, eu realmente ainda não sei - mas sei que não funcionou por muito tempo. Sei que eu odiei tudo aquilo quando completei dezesseis, aos dezessete comecei a defender o direito de Judas no céu, aos dezoito ria enquanto o padre dizia a noiva no casamento como ela devia ser submissa ao seu marido (conforme a bíblia) e aos dezenove começo a questionar a existência de deus (com letra maiúscula). 

Tentei até virar ateu, mas apesar de todas minhas discordâncias com a bíblia sagrada (?) me recuso a desacreditar na existência de uma força ou conselho superior, seja divina ou alienígena. Acredito em algo que não sei ser o que a maioria chama de deus (novamente com letra maiúscula), e caso seja acredito que ele (com letra maiúscula, por fazer referencia ao deus com "d" maiúsculo) deve estar muito puto (com todo respeito) com as coisas que escreveram, fizeram e andam fazendo em seu nome. Amém.

2 comentários:

  1. Porque o poeta e escritor têm mais do mesmo. Uma percepção das coisas tão perspicaz, uma leveza em assumir seus sutis desacordos com a sociedade, uma breve compostura perante a sociologia, uma grande afeição pela verdade.
    E escreve aquilo que os outros temem pensar, pois o poeta e escritor é um vanguardista que anda nu e descalço em um mundo vestido de mentiras.
    Parabéns pelo excelente texto. Sou fã.

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  2. Muito, mas muito obrigado mesmo Bárbara. Vc me compreende perfeitamente, fiquei realmente feliz. Meu maior abraço.

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Vais morder ou são só beijinhos?