domingo, 13 de maio de 2012

Algumas dão pra casar, outras casam pra dar


Joana não tinha amor no seu coração por Roberto e quando o padre fez a pergunta final ela correu até a janela do prédio e pulou devagar o suficiente para que seu noivo a alcançasse e a deixasse dependurada enquanto gritava por ajuda. Foi aquele motim de homem querendo ajudar e Joana louca transtornada se agitava e gritava para que a soltassem. 

Com a típica covardia humana, por um instante, a mulher se arrependeu e pensou que podia casar sem amor e um dia amanhecer, olhar para Roberto e se apaixonar. Um plano perfeito, se ela não tivesse pressa – um dia demora muito, se for pra ser será agora disse a si. Olhou pra cima e viu a cara de merda do Roberto assistindo ela enquanto era agarrada pelas pernas por sabe lá quem e concluiu que uma moça como ela que nascera para o sucesso não deveria se casar com uma merda de homem. Voltou a debater-se e voo.

 A mãe, ao ver a filha esticada no chão e com o vestido branco sujo de sangue deu pra trás e desmaiou nos braços do padre que já fazia a prece para que a suicida fosse perdoada pelos céus. O Roberto gritava coisas sem sentido com a mesma cara de merda como se não entendesse o motivo para tal. Enquanto todos lamentavam a tragédia que terminavam de ver, Joana descolou do chão. Levantou, tirou a poeira do vestido e percebeu que sangrava. Saiu caminhando até o outro lado da rua. Suspendeu a mão para o táxi que vinha e partiu em direção a um hospital. 

A zuada persistiu, até que a avó de Joana retornou do banheiro com a mão envolta em um pedaço de papel higiênico e com as saias no joelho perguntando a razão de tanta gritaria. Foi ai que mandaram a velha ver com seus próprios olhos e se deram conta que a noiva já não estava no chão. No hospital estancaram o sangue da Joana e a deixaram na enfermaria. A mulher sorriu feito uma bruxa festejando sua escapada triunfal e assustando os outros pacientes que não imaginavam motivo para tamanho gargalho senão a loucura. Joana estava de fato louca, a queda não tirou sua vida, mas levou o que lhe restava de juízo. Levantou da cama e começou a se exibir justificando a cor do seu vestido. A essas horas ela não raciocinava que vestia uma bata dessas de hospital com a bunda de fora e começou a rodopiar pelo hospital enquanto cantava a marcha nupcial. Dr.Manoel, o psicólogo, fez questão de cobrir a moça e a levar direto para o consultório onde a entrevistou e atestou sua loucura. 

Joana saiu orgulhosa, se dedicou toda sua vida ao dia do casamento de forma a não ir pra faculdade, mas agora estava feliz por finalmente ter um certificado mesmo sendo de loucura a única coisa que lhe importava é que agora já não era mais uma Maria Ninguém era uma louca certificada por Dr.Manoel, o cavaleiro loiro charmoso. Fugiu do hospital assim que saiu da sala, saiu correndo de alegria para contar aos pais o fato que lhe sucedera. Quando chegou em casa os pais não acreditavam no que viam. Joana foi logo abraçando os dois e dizendo que estava tudo bem, contou sobre sua estadia no hospital e foi logo arrumando as malas explicando que agora era formalmente louca e uma louca que se preze merece viver em um hospício a sua altura. 

A mãe deu o maior apoio e o pai deu um carro pra ela não viajar com tanto peso de ônibus, Joana dirigiu sozinha até o Recanto dos Loucos onde prontamente começou a exercer suas funções de louca. Em poucos meses de loucura Joana já andava nua pelo recanto corrompendo enfermeiros e deixando os loucos pirados, provando sua teoria de que nascera para o sucesso.

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