quinta-feira, 7 de junho de 2012

Ato 01: Nossa comida foi envenenada

Me compra um desses lenços de bandido para eu amarrar no rosto. Ficou tarde demais pra você me amar. Estamos morrendo em campos de concentração, mas as pessoas não estão vendo. Não vou pintar camisas com tintas coloridas. Desligue a janela, não salte agora. O ato final é para poucos. Não conte a eles, não diga nada. Volte antes que se arrependa, pense nas mães. Mande ela se fuder. Desista da canção. Eu calcei meus sapatos. Vibre a cabeça, tire-a de seus ombros. Estou entrando em transe. Você não esta me vendo, Por que você não me vê? As nuvens estão fugindo para cá, estão sobre minha cabeça e agora eu as vejo descendo. Estou derretendo, alguém me ajude. Estou desmanchando e escorregando pelo chão do quarto. Sugado pelo ralo a caminho do esgoto. Os ratos são gigantes e o detergente azedo. Me compra um lenço desses de bandido para eu amarrar no rosto. O cheiro é insuportável. Você está me ouvindo? Estou indo para casa dos meus antepassados. Não vejo ninguém, não tem ninguém aqui. Vou comer papas no jantar. Onde estão as outras crianças? Estão mortas, elas não levantam. As crianças foram mortas em campos de concentração. Eu grito, mas quem responde é o eco da minha voz. Não tem ninguém no cemitério. O cemitério só tem mortos e eu. Os homens ficaram loucos. Eu não sei onde estou. Os vermes estão vindo, estão roendo toda a carne e eu estou em ossos. Alguém me ajude a sair daqui.





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