Me compra um
desses lenços de bandido para eu amarrar no rosto. Ficou tarde demais pra você
me amar. Estamos morrendo em campos de concentração, mas as pessoas não estão
vendo. Não vou pintar camisas com tintas coloridas. Desligue a janela, não
salte agora. O ato final é para poucos. Não conte a eles, não diga nada. Volte
antes que se arrependa, pense nas mães. Mande ela se fuder. Desista da canção. Eu
calcei meus sapatos. Vibre a cabeça, tire-a de seus ombros. Estou entrando em
transe. Você não esta me vendo, Por que você não me vê? As nuvens estão fugindo
para cá, estão sobre minha cabeça e agora eu as vejo descendo. Estou
derretendo, alguém me ajude. Estou desmanchando e escorregando pelo chão do
quarto. Sugado pelo ralo a caminho do esgoto. Os ratos são gigantes e o
detergente azedo. Me compra um lenço desses de bandido para eu amarrar no
rosto. O cheiro é insuportável. Você está me ouvindo? Estou indo para casa dos
meus antepassados. Não vejo ninguém, não tem ninguém aqui. Vou comer papas no
jantar. Onde estão as outras crianças? Estão mortas, elas não levantam. As
crianças foram mortas em campos de concentração. Eu grito, mas quem responde é
o eco da minha voz. Não tem ninguém no cemitério. O cemitério só tem mortos e
eu. Os homens ficaram loucos. Eu não sei onde estou. Os vermes estão vindo, estão
roendo toda a carne e eu estou em ossos. Alguém me ajude a sair daqui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Vais morder ou são só beijinhos?