domingo, 1 de julho de 2012

Ato 05: O escuro é o silêncio

Há uma semana o telefone tocou pela última vez. Nas esquinas o silêncio.  Estou incerto sobre o que esta acontecendo. Você está sozinho e imergindo mais a cada dia. Você está em guerra e em paz. Faz tempo que não lhe dizem coisas horríveis, mas amanhã pode não ser mais assim. Posso desaparecer no próximo instante, e reaparecer bem na sua frente. Nem tudo é sobre lágrimas, nem toda tristeza é choro. A qualquer hora o telefone pode tocar. Alguém dizendo que é apenas uma amostra. Estou sobre uma ponte que se destrói a cada passo. Atrás as lembranças despencam no abismo. É preciso correr sem olhar pra trás.  Atrás a poeira de tudo o que você construiu. Seguindo em frente há um terreno baldio e tudo o que você precisa vai chegar na próxima quinta-feira. Agora corra. Corra sem olhar pra trás. O telefone pode voltar a tocar, apenas esteja pronto. Pode ser alguém dizendo desaforos, alguém que precise de ajuda. Faz vinte e sete dias que você esta correndo e parece que cansaram, mas esteja pronto caso te surpreendam. Eu estou perdendo a memória e você também poderia fazê-lo. Esquece as maldades que te ensinaram. Abrace seu filho. Você está perdendo o fôlego, mas eu continuo correndo e estamos a uma semana de distância. Não há ninguém e isso começa a me incomodar. Você consegue ficar longe de alguém que ama enquanto eu sinto nos nervos o medo de ser apagado de sua memória. Eu sei que você chora antes de dormir. Você pode vim até a mim, mas não me machuque. Não tente me ferir. Eu estou correndo e é pro meu próprio bem. Posso sentir meus pés se desfazendo. A qualquer momento estarei liberto do chão e começarei a voar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Vais morder ou são só beijinhos?